O melhor conselho que a minha mãe me deu foi o seguinte: " Faz tudo com amor, e tudo sairá melhor". Estava eu, a passar a ferro, quando ela me disse isso. " Está bem passado, mas falta-lhe um toque de amor". Ao início, não compreendera aquilo que ela disse, pensava que era mais uma frase feita como tantas outras que as mães dizem para tentar pôr um pouco de juízo na cabeça dos filhos. Só passado muito tempo é que percebi o quão valioso e útil me foi este conselho.
Como sabem, estou no 2º ano de Enfermagem ( a caminho do 3º agora, yey!) e, este ano, estagiei em vários sítios, muitos destes em contexto hospitalar. O primeiro estágio deste ano foi em Oncologia, que foi bastante duro, tanto fisicamente como psicologicamente. Nas primeiras semanas de estágio, confesso que não me saí lá muito bem. Deixei-me dominar pelo medo de errar, pela ansiedade e pela insegurança. Não é que eu não soubesse fazer as coisas, porque sabia, mas deixava que toda aquele nervosismo e insegurança me afetasse, como uma névoa de fumo que nos impede a visão. Os meus orientadores diziam-me constantemente que eu sabia as coisas, mas não as estava a aplicar na prática e, quando aplicava, era sempre com alguma hesitação.
A meio do estágio, sabia que as coisas teriam que mudar, ou o meu futuro neste curso poderia estar comprometido. Por isso, pus a minha insegurança de lado, e comecei a pensar em como tudo começou, na razão pela qual eu entrei neste curso em primeiro lugar. Não foi por causa de me meter em mais testes, em mais trabalhos de grupo nem em mais pressões causadas pelas notas ( para isso, desistia de estudar e ia trabalhar): foi por causa do meu interesse e, sobretudo, amor por este curso. Porque, no fundo, se pensarmos bem, é o amor por algo ou alguém que move todas as nossas ações, para o bem e para o mal. Se as vossas ações não são movidas por amor, deviam ser. Porque, acreditem, têm muitos melhores resultados.
Após esta análise anterior e da epifania que finalmente tive ( dando, mais uma vez, razão à minha mãe. Fogo, as mães têm sempre razão!), decidi ir para o estágio com outra atitude. E, de repente, quase como magia, as coisas começaram a melhorar: comecei a aprender muito mais depressa, a fazer as minhas tarefas muito mais depressa e com mais eficácia, a estabelecer uma melhor relação com os meus doentes... Tudo isto porque, em vez de colocar medo e ansiedade nas minhas ações, decidi colocar amor.
O meu caso para ser um bocado extremo, mas eu sou assim: se não gosto de algo, não consigo fazê-lo, não há meio termo. Por outro lado, se adoro mesmo algo, arranjo maneira de ser bem sucedida. Por isso é que eu acredito mesmo que é quase impossível ser-se um profissional incrível em algo que não se gosta. Até podem ter competências, até podem ser bastante bons naquilo que fazem mas, se não gostarem daquilo que estão a fazer, nunca serão incríveis. Serão aquele tipo de profissional que recebe elogios como " até é um bom profissional" em vez de " é um profissional que mudou a minha vida".
Estou aqui a divagar sobre a importância de fazer coisas com amor enquanto profissionais, mas não é só no mundo de trabalho que esta atitude se aplica. Qualquer coisa, mas mesmo qualquer coisa, sairá muito melhor se for feita com amor. Um simples jantar poderá parecer uma refeições digna de estrelas michelin se for feita com amor. Uma cama poderá estar mais bem feita do que outra porque, pura e simplesmente, foi feita com amor. Uma casa poderá parecer mais limpa e radiante porque foi limpa com amor. Tudo aquilo que seja feito com amor sairá muito muito melhor do que aquilo que é feito com uma atitude de " vamos cá despachar isto".
É um conselho que a minha mãe me deu, que guardarei para toda a vida. Em todas as minhas ações nesta vida, tentarei sempre lembrar-me daquilo que ela me disse. E gostaria que vocês, que estão a ler isto, façam o mesmo. Depositem sempre um pouco de amor em tudo o que fazem. Verão que tudo correrá melhor.
