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20.6.17

Porque é que " Thirteen Reasons Why" não precisa de uma 2º temporada


Ok, antes que me matem ou eu perca seguidores, eu prometo que este é o último post que faço sobre esta série que deu muita polémica este ano. Achei só importante eu falar do motivo pelo qual não concordo que haja uma 2º temporada desta série ( aviso já que poderão haver uns ligeiros spoilers, por isso, quem não viu a série, pelo sim pelo não, é melhor não lerem).

Apesar de eu ser da opinião que " Thirteen Reasons Why" promove o suicídio em vez de o combater, eu gostei de ver a série. Até gostei da história ( apesar dos defeitos que enumerei aqui e aqui). A certa altura, tive é que me abstrair e concentrar-me no facto de ser ficção. Gostei também da prestação dos atores, e da banda sonora maravilhosa. Contudo, não acho que esta série precise de uma 2º temporada. Aliás, eu acho que muitas séries ficariam melhor se tivessem apenas uma temporada. Muitas vezes, acrescentar uma segunda temporada parece mais uma tentativa de ganhar mais dinheiro e fama do que propriamente de dar continuidade a uma história. Mas isso já dava assunto para outro post, por isso vou explicar porque é que eu acho que esta série só precisa de uma temporada.


1. A história da Hannah acabou: Já ouvimos todas as cassetes, e estas foram sempre o centro da história. Além disso, a Hannah foi sempre a personagem principal durante toda a série, pelo que não faria sentido uma segunda temporada sem ela. É certo que a poderão incluir na 2º temporada, mas deduzo eu que seja na memória das outras personagens, mais em segundo plano, pelo que não faria sentido. Portanto, a não ser que, de alguma forma, a Hannah afinal esteja viva ( o que também não faria sentido, porque esta série passaria do tema suicídio a ser uma série sobre psicopatas), mais vale deixar tudo como está.

2. O desfecho da história está muito bem como está: Ok, é óbvio que a série terminou com muitas questões por responder, nomeadamente o que é que os pais de Hannah decidem fazer com as cassetes, se o Alex cometeu suicídio ou não,... No entanto, no final do dia, nós não precisamos mesmo destas respostas. Sabemos que, eventualmente, o Clay irá ficar bem, que os pais irão aprender a sobreviver com a dor da perda da filha, muito provavelmente as cassetes vão ser divulgadas e vai ser feita justiça... Podemos deixar o final assim, um pouco em aberto, para estimular a imaginação? Parece que, hoje em dia, os produtores/realizadores têm medo de deixar finais em aberto.

3. Mais problemas irão começar a parecer irrealistas: Para haver uma 2º temporada, suponho que queiram explorar outros problemas das personagens que não ficaram bem desenvolvidos na 1º temporada. No entanto, aquilo que eu me pergunto é quantos problemas e conflitos pode ter uma simples escola secundária? É que, a certa altura, começa a ser um pouco irrealista e difícil de acreditar que tanta coisa aconteça numa mesma escola.

4. O livro nunca teve sequelas: Sendo esta uma série baseada num livro, e sendo que este nunca teve sequelas, porque motivo então vão fazer outra temporada? Vão se basear em quê? Não sei até que ponto o autor do livro vai achar muita piada à situação. É que poderão estar a estragar uma história que estava bem como estava.

5. Há histórias que só precisam de uma temporada: Eu gosto muito de ver séries, mas se há coisa que me irrita é ver certas séries terem 10, 11, 12 temporadas quando, na verdade, só precisavam de ter uma. Este é um drama sobre suicídio. Se continuarem a fazer mais temporadas, passará a ser um drama sobre crimes, roubos ou sabe-se lá mais o quê. Se querem explorar outras personagens, peguem nelas e façam uma série diferente, complementar a esta.


E vocês? Gostariam de ver uma 2º temporada desta série, ou não acham necessário?

12.6.17

Thirteen Reasons Why: Diferenças entre o livro e a série


Depois de ter visto a série e, apesar de ser da opinião que esta promove o suicídio em vez de o combater, decidi ler o livro. E não me arrependi porque, apesar de a história ser a mesma, deu-me uma perspetiva diferente sobre esta.

Quando um livro passa para filme/série muitas coisas podem ser mudadas. Às vezes, são só meros detalhes que são mudados, outras vezes são coisas com maior impacto no enredo. No caso de "Thirteen Reasons Why", muitas foram as mudanças, algumas que fazem grande diferença na história.

( Atenção: este post contém spoilers. Se não leram o livro ou viram a série, não leiam este post).


1. Os pais de Hannah são donos de uma sapataria: Na série, os pais de Hannah são donos de uma loja de conveniência, e a sua grande preocupação é Walplex, um grande supermercado que ameaça levar as lojas pequenas à falência. Porém, no livro, os pais são donos de uma sapataria e a sua principal concorrência é um grande centro comercial. Não é uma diferença relevante mas, na minha opinião, faz muito mais sentido serem donos de uma loja de conveniência, porque dava mais espaço para enredo e para dramas como dívidas.

2. Clay ouve todas as cassetes numa noite: Depois de me ter revoltado aqui por o Clay da série demorar demasiado tempo a ouvir as cassetes e até ponderar desistir (que as outras personagens até ficavam irritadas com tamanha lentidão, incluindo o Tony, que dizia que ele era o mais lento de todos), fiquei agradavelmente surpreendida com o Clay do livro. No livro, o Clay ouve todas as cassetes em apenas uma noite, e nem por um momento pensa em desistir.

3. Clay não descobre imediatamente que é o Tony que tem o segundo conjunto de cassetes: Na série, Clay descobre logo que é Tony que tem o segundo conjunto de cassetes, mas no livro ele só descobre depois de ouvir a quarta cassete.

4. Clay não é tão desastrado no livro: Na série, Clay, distraído pelas cassetes, esbarra com a bicicleta contra um carro. No livro, Clay não é tão azarado, apenas fere a mão numa cerca.

5. As redes sociais não eram usadas no livro: Na altura em que o livro foi lançado (2007), já existiam redes sociais como o Twitter e Facebook, mas não tinham a mesma força e impacto que têm nos adolescentes nos dias de hoje. Por isso, é perfeitamente normal que no livro os rumores fossem espalhadas à moda antiga, conversando. Já na série, os rumores são espalhados através de sms e de redes sociais.

6. Clay e Hannah não são assim tão próximos:  Esta é uma das poucas coisas que eu não gostei no livro, o facto de o Clay e a Hannah mal se conhecerem, só terem interação no trabalho e pouco mais. Na série, a relação deles é muito mais profunda, têm uma forte amizade, o que justifica melhor os sentimentos de Clay.

7. Os pais de Hannah mal aparecem no livro: Como no livro a história passa-se toda numa noite, não vemos os pais de Hannah a confrontar-se com a morte da filha, a processar a escola nem a enfrentar o seu longo processo de luto. A série mostra-nos muito mais aprofundadamente a dor e sofrimento dos pais que perdem a sua filha por suicídio.

8. No livro, só vemos a história por duas perspetivas, a da Hannah e do Clay: Como a história é narrada na primeira pessoa, por Clay, que ouve as cassetes da Hannah, só vemos a história pela perspetiva desta duas personagens. No livro, nunca temos noção da reação dos outros elementos que aparecem nas cassetes. Portanto, neste aspeto, a série foi um bom complemento do livro.

9. A ordem das cassetes é diferente: No livro, Clay é a 9ª pessoa a receber as cassetes, enquanto que na série é a 11ª, escolha avançar o Bryce ( o 12º da lista), e dá diretamente as cassetes ao Sr.Potter.

10.  Clay nunca confronta Bryce nem grava a sua confissão: Como a ordem das cassetes é diferente no livro, esta cena da série nunca acontece. Além disso, ele nunca grava nada na última cassete.

11. O grupo do Monet´s tem um lema diferente: Numa tentativa de atualizar a gíria dos adolescentes ( penso eu que tenha sido essa a razão) , Hannah, Alex e Jessica passam a dizer " FML" em vez da frase " olly olly oxen free".

12. Sheri tem um nome diferente no livro: No livro, a personagem Sheri chama-se Jenny Kurtz. Quando comecei a ler, ao início fiquei confusa, do tipo " não me lembro de ouvir falar desta personagem na série", mas pela história reconhecia-a.

13. O Jeff é uma personagem muito menos importante no livro: Na série, é é referido imensas vezes, e aparece frequentemente como um rapaz popular e querido por todos. Já no livro, mal se fala nele, a não ser na sua morte, que é a mesma, num acidente de carro.

14. Courtney aparece nas cassetes por razões diferentes: Courtney continua a ser uma falsa e hipócrita nos livros, mas as suas ações foram ligeiramente diferentes. No livro, Courtney passa na mesma uma noite na casa de Hannah para apanhar o stalker, mas em vez de se embebedarem e beijarem, só fazem uma massagem nas costas. Na minha opinião, faz muito mais sentido Courtney ser lésbica, porque isso justificaria um pouco melhor as suas ações ( o tentar esconder dos outros e, para isso, lixar a Hannah).

15. A Hannah suicida-se de uma forma diferente: No livro, a Hannah suicidou-se com medicamentos, enquanto que no filme foi por automutilação. Suponho que os produtores tenham feito esta mudança para causar mais impacto e choque, o que, sem dúvida, resultou.


De momento, não me lembro de mais diferenças. E vocês, lembram-se de mais alguma diferença entre o livro e a série?


3.6.17

13 coisas que eu não gostei em " Thirteen Reasons Why" ( com spoilers)


Calma, eu não me enganei. Sim, eu já fiz um post sobre as 13 coisas que eu não gostei em "Thirteen Reasons Why", mas foi sem spoilers, para quem não viu a série. Esta é a versão com spoilers, pelo que aconselho a quem não viu a série a não ler este post.

Decidi fazer esta versão para poder discutir mais detalhadamente esta série. Alguns pontos que não gostei são relevantes, outros são meros detalhes que não fazem grande diferença, mas, de qualquer das formas, achei muito interessante abordar. Já realcei no outro post, que gostei da série, mas há muitas coisas que não batem certo, e hoje vou falar mais aprofundadamente dessas coisas.


1. A Hannah está sempre a queixar-se de que não é popular:  A rapariga faz, literalmente, um amigo novo em cada episódio, vai a todas as festas, e namora praticamente com todos os rapazes dessa escola. Se ela não é popular, então o que é que eu era quando andava no secundário? É certo que ela fez uma escolha infeliz nos amigos e também nos rapazes, mas não podemos dizer que ela não era popular, o que é não era pelas melhores razões.

2. A Hannah tem mau gosto em rapazes: E por falar em más escolhas, a Hannah tinha um péssimo gosto em rapazes. Valha-me nosso Senhor! Sim, os rapazes eram bonitos, mas eram parvos como o caraças, e aproveitavam-se dela. Com um rapaz tão decente como o Clay mesmo ao lado, ela passou o tempo todo a curtir com outros. Apetecia-me entrar na série e dizer " Anda cá Clay, que se ela não te valoriza, valorizo-te eu!".

3. Ela queixava-se que não tinha verdadeiros amigos: Ok, pelo andar desta lista, estou a ver que a maior parte dos meus problemas vão ser com a protagonista. Eu já tinha avisado no outro post que não me identificava nada com ela. Anyway, ela estava sempre a queixar-se que não tinha amigos, o que me irritava profundamente. Então e o Clay? O rapaz esteve ao teu lado o tempo todo durante a série, e ajudava-te ( ou, pelo menos, tentava), em tudo o que precisavas. E o Tony? É certo que a vossa amizade nunca ficou muito bem esclarecida na série, mas se lhe confiaste as cassetes, algum nível de confiança deviam ter.

4. E por falar do Tony, qual é o papel dele na série? : O papel do Tony na série nunca ficou muito claro. Nunca ficou muito bem explicado a relação dele com a Hannah, o que eu considero vital para compreendê-la melhor. Acho uma falha grave da série.

5. A ferida na testa do Clay: Ok, eu percebo que a ferida da testa do Clay serviu para fazer a distinção entre o passado e o presente mas, fogo, aquela merda demorou muito tempo a cicatrizar. Eu, como estudante de Enfermagem, fez-me impressão acompanhar o processo de cicatrização da ferida. É que esta parecia igual todos os episódios. Era de esperar que, por volta do episódio 4, estivesse melhor. Se não estava a melhorar, era melhor ter levado uns pontos! Mas não, continuou igual, e quando finalmente fica melhor, espatifam a cara outra vez ao moço!

6. A escola devia ser encerrada pelo governo: Desculpem, mas que tipo de escola permite que um jovem controle completamente um jornal, publique lá o que lhe apetecer, permite que os professores analisem um poema, de certa forma humilhante, e ainda permite que alunos façam questionários para encontrar almas gémeas, em que nos resultados divulgam livremente números de telemóvel de alunos? Juro que não percebo! Além disso, a Hannah disse indiretamente a vários professores, até ao psicólogo da escola, que se queria matar, e ninguém faz nada?

7. O Clay demora anos a ouvir as cassetes: Meus amigos, eu se recebesse cassetes de uma rapariga morta, por muito macabro e doloroso que fosse, eu ouvi-as todas numa noite. O Clay demorou anos a ouvi-las! Até irritou as outras personagens! Meu, eu sei que deve ser doloroso ouvirmos a voz da nossa paixão sabendo que ela já está morta, mas nem que tenhas que tomar calmantes, ouve as cassetes, não queres saber o que aconteceu, meu?

8. O gajo irritante da câmara: Meus Deus, o rapaz é tão irritante! E o que é isto de ele andar por í a tirar fotos a toda a gente na escola e, pior, à noite, em janelas, a invadir a privacidade das pessoas? Na minha escola, o fotógrafo de serviço só podia tirar fotos de eventos, e com autorização das respetivas pessoas que aparecessem na foto.

9. A Hannah faz drama de tudo:  O Clay disse uma vez, num episódio " Tudo tem que ser o teu drama!" e eu não poderia concordar mais. Faço uma exceção para o facto de ela ter sido violada, ter assistido a uma violação e ter contribuído para uma morte ( coisas horríveis, aí sim, é que tinha razão para ser dramática), mas o resto do conteúdo das cassetes são coisas normais que acontecem em todas as escolas secundárias. Uma lista a dizer que é o melhor rabo? Também já aconteceu na minha escola. Amizades que acabaram e raparigas que se revelaram ser más? Também já aconteceu na minha escola e já me aconteceu a mim. É lixado, não devia acontecer, mas não tão lixado ao ponto de gravarmos cassetes a falar disso. Às vezes, dava a sensação que, basta mandar um olhar de forma errado para a Hannah para ela, duas semanas depois, nos mandar uma caixa de cassetes para casa.

10. O Alex não seria popular na minha escola secundária: Expliquem-me como é que este gajo é popular? Eu não sei como é que é possível. O gajo tem um cabelo parolo, veste-se de forma inadequada, e querem que eu acredite que é realista ele andar a curtir com todas as raparigas da escola e ser tão popular como os jogadores de basquetebol? Na minha escola, ele não seria popular de certeza, ele seria muito gozado.

11. A Jessica não merecia ser uma das razões para o suicídio da Hannah: Eu não percebo esta personagem, não sei se a série quer que eu a odeie ou não. De qualquer das formas, eu não consigo odiar a Jessica, e acho que ela não merecia ter uma cassete com o nome dela. Sim, a rapariga acusou a Hannah de lhe roubar o namorado, deu-lhe um estalo e virou-lhe as costas, mas a  Hannah não a podia perdoar, dado o que ela passou? Quer dizer, a rapariga ficou muito alcoolizada numa festa, foi violada enquanto estava inconsciente, e o próprio namorado ainda encobriu a violação. No máximo, quem devia estar zangada era ela com a Hannah, porque esta também não lhe contou que ela foi violada ( embora eu compreenda porque não tenha contado, eu também não saberia o que fazer nesta situação).

12. Eu não queria meter o dedo na ferida, mas vamos falar da violação da Hannah: Eu sei que, muito provavelmente, metade das pessoas que lerem isto me vão apedrejar até à morte, mas eu tenho que falar disto, porque me incomoda. Ok, a rapariga não teve culpa nenhuma de ter assistido a uma violação sem a impedir, eu no lugar dela também ficaria quieta e paralisada de medo. Porém, a violação dela, desculpem ter que dizer isto, poderia ter sido facilmente evitada. Em primeiro lugar, que tipo de pais é que a deixam sair sozinha, às 22 h, numa noite chuvosa? Os meus pais nunca na vida me deixariam sair sozinha, sem saber para onde eu ia! Pronto, mas passando à frente a parte em que ela saiu, ela encontra uma festa, entra e até aí tudo bem. Agora, o que não está bem é ela aperceber-se que a festa decorre na casa de um violador e continuar lá, como se nada fosse. Eu se tivesse na casa de um violador, fugia a sete pés! Pronto, mas mesmo até aqui a coisa ainda tinha solução, mas a partir do momento em que ela se deixa ficar sozinha, no jacuzzi, com um violador, eu vi logo que aquilo ia dar para o torto! É que eu não reclamo com ela por ter ido para o jacuzzi, porque mesmo aí ainda tudo podia ser evitado, mas quando viu o pessoal todo a ir embora, porque é que não foi também? Não, fica ali sentada, especada a olhar para um gajo que sabe que é um violador. Sinceramente, perdoem-me por dizer isto, mas a rapariga tem péssimos instintos de sobrevivência.

13. Nunca, em nenhum momento da série, abordaram o assunto de doenças mentais: É muito provável que metade das personagens sofresse de depressão, no mínimo. Mas isso nunca foi abordado em nenhum momento da série, o que eu considero que é um dos erros mais graves. As doenças mentais estão a atingir cada vez mais jovens, pelo que era importante falar deste assunto que, infelizmente, ainda é tabu, e não é visto como uma doença digna como partir uma perna.


Pessoal que já viu a série? Concordam com os pontos que referi? Com o que é que não concordam e porquê?

27.5.17

13 coisas que eu não gostei em " Thirteen Reasons Why" ( sem spoilers)


Desde que a série " Thirteen Reasons Why" estreou, no dia 31 de Março, que se tornou imediatamente viral e  tem dado muito que falar. Na altura, como estava bastante ocupada com o estágio, não a consegui ver, mas há uns dias atrás pude finalmente satisfazer a minha curiosidade, e perceber o motivo de tanto alarido e polémica em torno da série.

Para quem não sabe, a série fala de uma jovem, a protagonista Hannah Baker, que se suicidou. Passado duas semanas, Clay, outro protagonista, recebe uma caixa com cassetes lá dentro. Ele fica surpreendido quando percebe que quem as enviou foi Hannah, e que, se as está a ouvir, é porque é uma das razões pelas quais a jovem se matou. As 7 cassetes, que têm todas dois lados ( mesmo a última, que contém a gravação número 13),  têm que  passar por todos os nomes da lista de Hannah, caso contrário, as gravações tornam-se públicas.

Quem me segue pelo Twitter sabe que, quando comecei a ver, era da opinião que esta série ia sensibilizar os jovens para procurar outros caminhos que não o suicídio. Contudo, à medida que fui vendo a série, comecei a aperceber-me que a esta, apesar das boas intenções, estava a fazer exatamente o contrário, a promovê-lo e até mesmo a glorificá-lo. E essa é apenas uma das coisas que não gostei nesta série.

Não me atirem já pedras nem me julguem! Houve muitas coisas que gostei na série. Tenho que dar o devido mérito pela escolha do elenco, e pela sua incrível prestação, bem como a escolha das músicas, que se adequam na perfeição a cada cena. Também gostei do facto de esta série retratar adolescentes reais, com problemas reais, como o bullying, pondo clichés de parte. Contudo, apesar de ser uma série viciante e intrigante, tem muitos defeitos que não consegui ignorar e que decidi falar hoje neste post. Este post não terá spoilers, para quem não viu a série poder ler mas, quando puder, estou a planear fazer uma versão com spoilers para poder discutir mais aprofundadamente certos assuntos.

Desculpem o post longo, mas queria dar a minha opinião bem fundamentada.


1. Simplifica o suicídio e dá ideia que há sempre alguém que tem culpa: Meus caros amigos, o suicídio não é simples. É uma doença mental e, como tantas outras, bastante complexa. Claro que, muitas vezes, muitas pessoas suicidam-se por desespero, como falta de dinheiro, desemprego, bullying,.. No entanto, há outras tantas vezes em que as pessoas se suicidam sem nenhuma razão aparente, isto porque nem sempre há razões que expliquem isto. Não tenho nenhuma formação em psicologia, mas sei que o suicídio não é algo linear. Pessoas diferentes respondem de maneira diferente a situações traumatizantes, e algumas podem suicidar-se e outras não. Às vezes, uma pessoa com uma vida aparentemente feliz, pode suicidar-se, porque não está bem interiormente. Portanto, não podemos generalizar nem achar que há sempre alguém responsável pelo suicídio de uma pessoa.

2. Realça o mito que o suicídio é egoísta: Eu sou da opinião que o suicídio não é egoísta. Quem o faz é porque acha que não tem outra solução a não ser tirar a sua própria vida, e não por " vou me matar que é para verem como eu faço falta às pessoas". No entanto, quem acredita nesse mito e vê a série, ainda fica a acreditar mais. O facto de a Hannah mandar cassetes a contar aquilo que os outros lhe fizeram é desconfortável, e é assim que deve ser, porque a moral da história é nós reconhecermos que as nossas ações podem ter efeitos que desconhecemos em pessoas que conhecemos. Mas o que é ainda mais desconfortável é assistir à forma cruel como a Hannah expõe o que lhe fizeram, como se o suicídio fosse a única forma de a voz dela ser ouvida.

3. Foca-se na ideia de que o bullying leva a suicídio: Já todos ouvimos histórias de jovens que sofrem de bullying e que se suicidam, mas será que é sempre assim? Li há uns tempos na net uma psicóloga a dizer " a tua experiência de bullying é válida mesmo que não sintas vontade de te suicidar, e os teus sentimentos de suicídio são válidos, mesmo que nunca tenhas sofrido de bullying", e é tão verdade! Tal como já disse, pessoas diferentes reagem de maneira diferente a experiências traumatizantes. Eu já sofri de bullying, e não foi por isso que me suicidei. É certo que não sofri tanto como muitos jovens, mas ainda assim demorei imenso tempo a ultrapassá-lo, e ainda hoje tenho algumas sequelas. Além disso, já vi, infelizmente, muitos jovens a passarem pelo mesmo, mas que conseguiram dar a volta por cima e ser felizes. A verdade é que, com apoio, força de vontade e muita perseverança é possível ultrapassar este tipo de experiências traumatizantes.  Não quero estar aqui a desvalorizar o bullying e a dizer que é normal, porque não o é, só estou a dizer que nem todos os jovens que sofrem de bullying se suicidam, que é o que a série aparenta transmitir.

4. Mostra o suicídio como uma forma de vingança: O facto de a Hannah gravar cassetes com os supostos responsáveis pela sua morte dá a ideia que ela se está a tentar vingar pelo que eles lhe fizeram. Eu sei que, provavelmente, não era essa a ideia que queriam transmitir, mas é o que parece!

5. A série toda transforma o suicídio em algo entusiasmante: Se pensarmos bem, toda a série é construída em torno de uma cena que, vamos admitir, toda a gente quer ver, a cena do suicídio, que é, digamos, o clímax da série. Criam muita antecipação, muito suspense em torno do momento, criando entusiasmo em torno de um suicídio. O suicídio não é suposto ser entusiasmante, não é algo que deva ser aguardado ansiosamente.

6. Cenas demasiado detalhadas: Ok, ok, eu sei que é suposto estas cenas darem um ar mais real e chocante à série, mas não nos podemos esquecer os miúdos de 12/13 anos também são o público-alvo. Portanto, das duas uma, ou os produtores metiam estas cenas menos explícitas, ou então classificavam a série como maior de 16 anos ( o que não adiantaria de grande coisa, porque os jovens gostam de ver coisas que supostamente não é para a idade deles, mas ao menos estavam avisados e não eram apanhados de surpresa). É que há cenas que até a mim, que já tenho 20 anos e já vi muitos filmes mais violentos, me fizeram tremer. Principalmente, a cena do suicídio de Hannah Baker, que até tive que desviar o olhar algumas vezes!

7. Mostra o método exato de suicídio: E por falar em cenas detalhadas, falemos da cena de suicídio. Na minha opinião, foi demasiado detalhada. De acordo com muitos psicólogos, nunca se devia mostrar em filmes e séries os métodos exatos de um suicídio, porque isso pode aumentar exponencialmente a taxa destes. Eu não sou de uma opinião tão extrema ( porque gosto de filmes que retratem também a realidade) mas, tendo em conta que o público-alvo desta série é muito jovem, é mais vulnerável a estas cenas e, ainda mais perigoso, pode querer imitá-las.

8. Retrata a ideia irrealista que o suicídio é muito bem planeado: Ao vermos a Hannah a gravar cuidadosamente cada cassete, a contar calmamente cada história, com um tom sarcástico, dá a sensação que ela planeou tudo meticulosamente de forma racional, incluindo o seu suicídio. Na realidade, uma pessoa que se suicida, é uma pessoa que é emocionalmente instável e/ou está a passar por um crise emocional, pelo que é praticamente impossível ser racional ao ponto de gravar cassetes e planear antecipadamente a sua morte, especialmente se for um adolescente que ainda está a construir a sua identidade.

9. O suicídio não é glamoroso: " Thirteen Reasons Why" mostra o suicídio como algo glamoroso, romântico até. Contudo, o suicídio não é romântico, é uma doença. De acordo com vários estudos, 90% das pessoas que cometem suicídio sofrem de alguma doença mental. Portanto, é preciso parar de romantizar o suicídio e parar de mostrá-lo como uma forma de nos revoltarmos contra as insjutiças da vida e de nos tornarmos heróis.

10. Pode tornar o suicídio uma moda: Após o fenómeno " Baleia Azul", é seguro dizer que a geração atual de adolescentes está, mais do que nunca, muito vulnerável a sofrer de depressão e, sobretudo, a tentar o suicídio. Portanto, séries como esta só irão exarcebar este problema, fazer com que o suicídio se torne numa tendência cada vez maior entre jovens, em vez de o combater.

11. A série não sugere nenhuma forma eficaz de combater o suicídio: A série não sugere nenhuma forma para prevenir o suicídio. Fala-se tanto sobre este tema, mas, em nenhum minuto de nenhum episódio sugerem uma medida sequer para combater este problema. E se o objetivo era combater o suicídio, acho que isto deveria ter sido feito.

12. Não me consegui identificar com a Hannah: Acho que muitos concordarão comigo que uma das coisas que mais contribui para gostarmos de um filme ou série é identificarmo-nos com a personagem principal, sentir que estamos a vivenciar o mesmo que ela e a ter as mesmas emoções. Contudo, não me consegui identificar, de todo, com a Hannah Baker. Achei-a demasiado dramática, egoísta e muito mimada. Tudo bem que ela passou por muitas experiências traumatizantes mas, na minha opinião, e sem querer dar spoilers, existiram personagens com razões muito melhores para se suicidarem do que a dela, se avaliássemos o suicídio em termos de razões como a série fez.

13. Acabaram por incentivar o suicídio em vez de o combater: Este é o grande problema desta série. Eu sei que o objetivo era combater o suicídio, sensibilizarem os jovens, mas falharam redondamente! Acabaram até por promovê-lo. Acabam por mostrar o suicídio como forma de uma pessoa ser imortalizada ( no início do primeiro episdódio, é mostrado um memorial de Hannah Baker, e antes dela morrer ninguém queria saber dela), admirada e até glorificada. Já estou a imaginar raparigas novinhas a ver a personagem principal como um ídolo, e a querer fazer o mesmo! Os realizadores e produtores de filmes/séries têm que ter, mais do que ninguém, cuidado a transmitir mensagens!


E vocês? Já viram " Thirteen Reasons Why"? O que acharam?