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25.6.18

7 personagens da saga "Harry Potter" que sofreram bullying

 7 personagens da saga "Harry Potter" que sofreram bullying

(Atenção: Esta publicação contém spoilers. Se nunca leram os livros ou os filmes da saga " Harry Potter não leiam este post).

Muitos livros e filmes que ocorrem em escolas acabam por abordar o bullying de alguma forma, mas no universo de Harry Potter, os níveis de bullying são surpreendentemente altos. A frequência com que ocorriam agressões físicas e emocionais entre alunos e entre professores parecia indicar que Hogwarts era a favor deste tipo de práticas e que as queria perpetuar. No entanto, acredito que não era essa a intenção de J.K Rowling. A autora da saga mais famosa de sempre abordou muitas vezes este tema não só para nos alertar para algo que (infelizmente) ainda é bastante atual, como também para revelar as vulnerabilidades das personagens, revelar o lado humano dos bullys e criar empatia e compaixão. 

A saga Harry Potter abordou o bullying de uma forma única e extremamente realista. Sentimos mesmo a dor das personagens que são vítimas, ao mesmo tempo que sentimos o desespero e a insegurança dos bullys. Foram muitas as personagens da saga que sofreram de bullying, mas estas destacaram-se particularmente, não só pela crueldade dos atos a que foram sujeitas, mas também pela sua história de vida. 


1. Harry Potter: O protagonista foi, desde o início da história, um grande alvo de bullys. Primeiro, na própria casa dos Dursleys, que faziam com que ele fosse um escravo, dormisse debaixo das escadas, não tendo direito nem a uma prenda no dia do seu aniversário. Depois, quando ingressou em Hogwarts, as coisas melhoraram, mas ainda assim Harry sofreu bastante. Sendo "O Escolhido"  era alvo de inveja de muitos colegas (entre eles, o que mais se destacava era o Draco) e até de professores (como o Snape, embora saibamos mais tarde que ele, na verdade, o estava a proteger).

2. Hermione Granger: Tendo nascido numa família de Muggles, Hermione era muito gozada por isso, principalmente por parte dos Slytherins ( que lhe estavam sempre a chamar " sangue de lama"). Mas não era só por causa do seu sangue que ela sofria de bullying. Muitos também a julgavam muito por ser extremamente inteligente, confundindo essa qualidade com arrogância, orgulho e egoísmo, julgamentos esses que eram pouco fundamentados (ao longo dos livros e das séries, a Hermione usou sempre os seus conhecimentos para ajudar os outros).

3. Luna Lovegood: Luna é das personagens mais amadas da saga, mas o mesmo não acontcia dentro da história. Ela sofria imensas piadas de mau gosto, toda a gente a acusava de ser estranha (até mesmo o trio de protagonistas, inicialmente), davam-lhe alcunhas feias e, mesmo assim, a Luna não queria saber do que os outros pensavam dela e continuou a ser ela mesma.

4. Neville Longbottom: De todas as personagens da saga, o Neville foi aquele que mais sofreu de bullying. Toda a gente dizia que ele não tinha talento, que era um covarde que não devia ter calhado nos Gryffindor, que era burro, que era a vergonha da família (até a avó o dizia)... Nenhum de nós imaginava a história por detrás desta personagem. Só no quinto livro é que percebemos tudo, quando descobrimos que os pais do Neville foram tão torturados ao ponto de se esquecerem do seu próprio filho, e do máximo de afeto que ele passou a receber da mãe a partir daí era um pedaço de papel com doce. Apesar de tudo aquilo que viveu, o Neville acabou por tornar-se numas das personagens mais corajosas quando, por exemplo, se juntou ao Exército de Dumbledore e de ter feito frente ao Voldemort.

5. Sirius Black: O bullying que Sirius sofreu foi mais interno, dentro da família. Sirius viu-se inúmeras vezes no meio de conflitos familiares, como quando se tornou um Gryffindor (uma casa que os Black desprezavam), quando se tornou amigo de um lobisomem e, principalmente, quando se recusou a estar do lado de Voldemort, fazendo com que a sua mãe retirasse o seu nome da árvore genealógica.

6. Severus Snape: Ninguém diria que alguém tão severo e frio como Snape tinha sido alvo de bullying até conhecermos o seu passado. Nos tempos em que era estudante em Hogwarts, Snape foi alvo de chacota por muitos colegas seus, incluindo por James Potter. Ele era a única pessoa que protegia Lily e, ainda assim, ela no final decide ficar com James.

7. Draco Malfoy: Draco Malfoy tinha o mesmo problema interno de Sirius. O seu pai manipulava todos os seus movimentos e tomava todas as decisões por ele e, mais tarde, obrigou-o a juntar-se aos Devoradores da Morte. Draco praticava bullying contra Harry e Hermione para se sentir melhor e porque, no fundo, tinha inveja da vida deles. De todas as personagens, esta foi a que me deu mais pena, porque de rapaz rebelde e forte não passava de uma máscara que escondia muitos conflitos internos e inseguranças. 

12.9.16

Uma carta para os meus antigos bullies


Não vou começar esta carta com "queridos bullies" . Por muito que tenha ultrapassado todo o sofrimento que me causaram e até vos tenha perdoado, nunca esquecerei o que me fizeram e, provavelmente, nunca seremos amigos.

Esta carta dirige-se aos meus colegas do 3º ano que me receberam mal, quando eu me mudei temporariamente para uma escola antes de ir para aquela que foi a escola que me acolheu de braços abertos. Dirige-se também ao grupo de raparigas más que fez questão de fazer a vida num inferno de toda a turma do Básico, e a um grupo de rapazes que gozava comigo por ser demasiado magra e alta para a minha idade.  Todos vocês tiveram a mesma missão de me deitar abaixo mas, lamento dizer-vos, todos vocês falharam nessa missão, embora ao início a vitória parecesse garantida.

Provavelmente já não se lembram de quem eu sou. Na altura, eu achava que era o principal alvo das vossas brincadeiras de mau gosto, mas agora sei que existiram muitas outras vítimas que sofreram nas vossas mãos. Na altura,  achava que eu é que era a estúpida, que era feia e que era uma má pessoa, que merecia ser alvo do vosso gozo e divertimento, porque era fraca. Agora sei que as únicas pessoas que foram sempre fracas foram vocês.

Durante 5 anos achei que o problema era meu, que eu era demasiado feia, parva e e estúpida. Durante os 5 anos a seguir, comecei a perceber que o problema não era meu, era vosso. Vocês gozavam comigo e com outras pessoas, porque se sentiam inseguros, e achavam que a única maneira de manter o vosso grupo de amigos e de serem " fixes" era rebaixarem os outros. Durante esses anos a seguir, eu comecei a erguer-me, a reconstruir a minha personalidade, a ser mais confiante e mais feliz. Claro que, em grande parte, tenho que agradecer ao maravilhoso grupo de amigos que tive no Secundário, que me inspiraram e me ensinaram a ser eu própria.

Teria sido muito mais fácil carregar toda a dor, sofrimento e raiva durante estes anos todos. Foi uma tarefa muito mais difícil ter que me libertar de todo esse peso e reconstruir a minha personalidade. Apesar de ter ultrapassado tudo com sucesso, ficarei com sequelas para a toda a vida, da mesma maneira que uma pessoa que sofreu um grave acidente de carro fica com cicatrizes. Quando chamam "feia" a uma rapariga, a palavra só fica 2 segundos na vossa cabeça, mas na mente de uma rapariga fica lá durante muitos anos, e não interessa as vezes que os pais dela lhe dizem que é bonita ( anyway, os pais têm quase como obrigação dizer aos filhos que são bonitos).

Agora, passado todos estes anos, e estando finalmente em paz comigo mesma, eu só vos quero agradecer. Sim, eu agradeço pelo que me fizeram passar. Teria sido muito mais fácil não passar pelo sofrimento todo que me causaram, mas não teria aprendido metade das lições que aprendi com vocês nem me tornaria naquilo que sou hoje. Tentaram deitar-me abaixo, mas eu usei os vossos insultos como motivação, e levantei-me sempre de todas as vezes que caía. Ensinaram-me que nem todas as pessoas são de confiança, mas também me ensinaram a reconhecer quem são os meus verdadeiros amigos. Ensinaram-me que, independentemente da fase negra e difícil que estejamos a passar ( e mesmo que pareça que o nosso mundo vai desabar), há sempre uma luz ao fundo do túnel, há sempre esperança e a possibilidade de levantarmo-nos e construirmos uma vida melhor.

Por isso, muito obrigada. Espero que se sintam envergonhados daquilo que fizeram às pessoas, mas também espero que tenham aprendido com os vossos erros, que se tenham perdoado, que estejam bem e que estejam a construir uma vida melhor para vocês, tal como eu construí para mim.

3.8.16

O bullying não é normal


Estamos em 2016 e as pessoas ainda acham que o bullying é normal, faz parte da vida escolar, faz bem às vítimas porque as torna mais fortes. Já não vou falar das pessoas estúpidas que acham que o bullying é como a seleção natural, em que os mais mais fracos são eliminados.

Quem nunca sofreu bullying não imagina as marcas que deixa numa pessoa, marcas essas que podem ficar para toda a vida. Estremeço só de de pensar no que sofri no 3º ano, de cada vez que passo pela escola primária onde andei durante apenas um período ( antes de mudar para a escola onde andei até ao 9º ano). Mas estremeço ainda mais quando penso nas crianças/jovens que estão a sofrer isto nos dias de hoje, na  era das redes sociais e dos smartphones, em que tudo pode ser filmado e publicado na Internet em segundos.

Estamos numa sociedade que ainda considera que o problema do bullying é das vítimas, pois não são capazes de se integrar numa escola e de se defender.  O verdadeiro problema aqui são dos bullys que, na maioria das vezes, são pessoas inseguras, que sentem que só conseguem ser mais confiantes e ser mais populares se rebaixarem os outros. Mas essas pessoas raramente são castigadas por aquilo que fazem, a não ser em casos extremos, em que espancam uma pessoa e o vídeo vai parar à net, e mesmo assim, o castigo que recebem não chega a ser conhecido ou é pouco claro, e dá a sensação que as pessoas em questão nao chegam a ser punidas. Na maioria dos casos, o bullying é psicológico, é silencioso, e a vítima não tem coragem de denunciar o problema, com medo der ser gozada tanto pelos colegas como por pais ou mesmo professores.

Como vos disse, eu no 3º ano fui vítima de bullying, numa altura em que ainda mal se ouvia esta palavra. Tinha acabado de me mudar de uma aldeia para Braga, e estive nesse escola durante apenas um período, mas foram feitos estragos suficientes para me deixar marcas para a vida. Querem saber a razão estúpida pela qual gozavam comigo? Porque eu era filha de um professor, que conhecia a minha professora primária. Fui gozada pelo simples facto da minha professora ter me apresentado como "filha de um colega nosso". Os meus colegas sentiram-se ameaçados, pensavam que eu podia ter acesso aos testes e tirar melhor nota do que eles, pensavam que eu iria ser a queridinha dos professores que iria denunciar todas as asneiras que eles fizessem, e que iria apontar o dedo ao aluno que estivesse a copiar durante um teste. Por ser filha de um professor, algo que eu não tinha absolutamente controlo nenhum, fui gozada. Os meus colegas acharam que tinham de dar uma lição a essa convencida ( AKA, eu?).

Fiz tudo o que é suposto uma vítima de bullying fazer nestes casos. Primeiro denunciei os bullys à minha professora, mas ela simplesmente mandou-me voltar para o recreio e ir brincar ( olhando para trás, até a compreendo, nem ela conseguia controlar aquela turma barulhenta). Disse aos meus pais o que se passava e eles, apesar de me terem mudado de escola ( o que eles já iriam fazer de qualquer das formas, estavam à espera de vagas num colégio), acharam-me uma fraca e estúpida (mas mais tarde, quando souberam a história toda, compreenderam-me e apoiaram-me). Escusado será dizer o que é que as outras pessoas acharam acerca disto.

Nos anos seguintes, sofri bullying, mas em doses bastante menores. Sobretudo porque, nessa altura, já tinha um grupo de amigos e defendíamo-nos mutuamente, e também porque já sabia lidar melhor com a situação, já sabia que o problema não era eu, mas sim de quem o fazia. A turma do meu básico tinha um grupo de raparigas bastante conflituosas, que gostavam de causar problemas a toda a gente. Houve uma rapariga que sofreu bastante, porque lhe chamaram gorda, e teve problemas de anorexia. Felizmente, eu e os meus amigos falamos  dessa rapariga aos professores, e ela teve a ajuda de que precisava. Mas na maior parte dos casos isso não acontece.

Sofri durante anos de insegurança, mesmo quando já não sofria bullying. Ainda agora sinto-me insegura de vez em quando, quando as coisas não correm bem. Tenho autoestima, tenho um grupo de amigos que me apoiam, tenho uma vida social boa, mas ainda tenho marcas do que sofri.

Em todo o meu percurso escolar, tentei intervir sempre que via pessoas a gozarem com outras (claro que não intervim nos casos de lutas entre rapazes, por razões óbvias, ainda me batiam a mim.). Mas este problema não vai acabar enquanto a sociedade achar que o bullying é normal, e as crianças/jovens acharem que não podem intervir porque senão estão fora do grupo de amigos "fixes".