Quando pensamos em mentirosos, pensámos imediatamente em políticos corruptos, banqueiros desonestos, parceiros infiéis, e muitos outros tipos de pessoas que categorizamos automaticamente como "má pessoas", que estão separados de nós pela sua impreterível habilidade de mentir para seu próprio benefício. Porém, a realidade é ainda mais cruel: todos nós somos capazes de o fazer e, muito provavelmente, todos nós o fazemos.
Toda a gente neste mundo já mentiu, pelo menos uma vez. E quem estiver a negar isto agora acabou de se tornar num mentiroso. Todos nós temos uma tendência natural para o fazer, de modo a usufruir dos benefícios que resultam desta ação. Mas porquê é que mentimos, afinal? Não estamos fartos de ouvir, desde pequenos, que "a mentira tem perna curta"? Que mentir só piora as coisas, e os que riscos ultrapassam os benefícios?
Uma das razões pelas quais os seres humanos mentem é para se safarem de situações que, provavelmente, não se safariam se dissessem a verdade. Muitos de nós já ocultamos o número de pessoas que vão a determinada festa para os nossos pais nos deixarem ir. Já dissemos que acabámos os trabalhos de casa só para poder ver TV. Todos nós já mentimos para tornar a nossa vida mais fácil.
Outra das razões pelas quais as pessoas mentem é por causa da aceitação. Toda a gente já desejou ser amado por todos. Ser aceitado é algo muito importante para muitos, e algumas pessoas vão até aos extremos para tal acontecer. Estas pessoas pensam que mentir vai fazer com que se tornem mais interessantes. Este tipo de pensamento é perigoso, porque pode resultar na perda de identidade.
Contudo, nem sempre mentir é algo necessariamente mau. Há ainda uma terceira razão pela qual os seres humanos mentem. Para se safarem a si mesmos ou aos outros de situações adversas e potencialmente destruidoras da sua felicidade. Imaginem que vivem num regime em que ser homossexual é crime e punido por morte. Se fossem homossexuais, diriam que o eram? Ou se tivessem um amigo vosso que tivesse essa orientação sexual, denunciá-lo-iam? Provavelmente, mentiriam. Pode parecer uma decisão deliberada (e é, de facto), mas acredito que isto faça parte do nosso instinto de sobrevivência, mentir para nos protegermos e proteger aqueles que amamos.
Então afinal, mentir é um mau hábito ou faz parte da natureza humana? As duas coisas. Quer queiramos quer não, mentir está enraizado na nossa sociedade, na nossa cultura, na natureza humana. Mas também é um hábito perigoso, se não controlado. Todos nós mentimos, mas a extensão das nossas mentiras, o seu propósito e os meios utilizados é que as tornam boas ou más.
